Indústria do aço reduz estimativas e produção deve crescer apenas 2,2%


A indústria do aço, importante termômetro de investimentos da economia, reduziu suas projeções de crescimento para 2019. A estimativa de avanço da produção passou de 2,7% para apenas 2,2%.

“Os novos números levam em conta o efeito do primeiro trimestre, que não veio como esperado. Os resultados não foram positivos”, declarou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (25).

A entidade também reduziu as estimativas de crescimento das vendas internas, de 5,8% para 4,1%; de consumo aparente, de 6,2% para 4,6%; e reverteu o avanço de 0,3% nos volumes de exportações a uma queda de 6,1%. Nos primeiros três meses do ano, a produção de aço bruto caiu 2,8% e, as vendas internas, 0,1%.

 O consumo aparente caiu 1,4% e as exportações tiveram crescimento de 3,2% em volumes.Na terça-feira (24), o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, estimou ao DCI que o consumo aparente de aço no Brasil giraria em torno de 6% a 7% em 2019, e que esse avanço viria do crescimento gradual de setores como automotivo e bens de capital, principalmente máquinas agrícolas.

Hoje, as siderúrgicas instaladas no País empregam aproximadamente 103 mil pessoas. O IABr estima que, caso a indústria brasileira operasse com 85% de sua capacidade instalada, o número de trabalhadores poderia saltar para cerca de 195 mil.

Para o dirigente, o desempenho fraco no início do ano decorre em função da dificuldade do governo Jair Bolsonaro encaminhar a reforma da Previdência. “Era uma medida considerada vital e que não andou na velocidade esperada. Entendemos que ela deveria ser aprovada de maneira robusta”, disse Lopes.Apesar deste cenário, ele afirma que o setor não está pessimista. “Estão previstos US$ 9 bilhões em investimentos na siderurgia nos próximos cinco anos. Ninguém iria realizar um aporte desse se não acreditasse no País.”

 Lopes avalia que, caso a reforma da Previdência seja aprovada sem desidratações, o setor poderá revisar as projeções para cima.Entres os principais pontos defendidos pela coalizão da indústria estão o ajuste fiscal, por meio das reformas da Previdência e Tributária, e a retomada do crescimento, puxada pela construção civil, infraestrutura e exportações. “Há muitas obras paradas e diversos investimentos à espera de uma sinalização de que o Brasil é um país sério, que honra sua contas”, afirmou Lopes.

 O dirigente também manifestou preocupação com uma maior abertura comercial antes que se resolvam gargalos de competitividade. “Acreditamos que pode haver uma abertura até maior, mas nos preocupamos que isso seja feito sem corrigir o custo Brasil.”

Lopes destacou que foi necessário um “malabarismo logístico” para garantir o fornecimento de pelotas para as usinas siderúrgicas atendidas pelas operações da Vale interrompidas após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG). “A Usiminas passou a receber minério de Corumbá (MS), enquanto Ternium recebeu minério do Maranhão, que chegou por cabotagem.”

Ele destacou que, por coincidência, duas usinas (Gerdau e CSN) já estavam operando em ritmo mais lento, em preparação para desligar os fornos para manutenção em junho. “Se estas usinas estivessem operando full, poderia haver uma crise no abastecimento da cadeia.”O dirigente ressaltou que essa logística tem encarecido a produção em mais US$ 20 por tonelada.

 Ele acredita que deve haver avanços na questão nos próximos 20 dias. Para o presidente executivo do IABr, o impacto “emocional” da tragédia, que causou a morte de mais de 200 pessoas, pode impedir a certificação da volta das operações de barragens. “Hoje, no País, ninguém assina uma liberação dessas.” Na última semana, a mina de Brucutu (MG), da Vale, recebeu autorização judicial para retomar suas operações.


Fonte: DCI