Brasil terá usina para produção de etanol da soja


O etanol, combustível vegetal que é defendido por alguns setores como a matriz energética definitiva para o futuro do Brasil, agora terá o reforço de mais uma usina de produção no interior do país. Mas, desta vez, sua origem não é a cana-de-açúcar e nem muito menos o milho, como é comum nos EUA, por exemplo.

Nesse caso específico do Brasil, os resíduos de outra produção dão origem ao combustível usado em automóveis. Numa usina da Caramuru Alimentos, localizada em Sorriso, Mato Grosso, a fabricação de proteína concentrada de soja estava dando dor de cabeça para a direção da empresa. O resíduo do processo industrial estava se acumulando em uma quantidade enorme, tão grande que poderia parar o funcionamento da planta.

Esse resíduo é o melaço de soja. Com muitas toneladas se acumulando, a empresa não sabia o que realmente fazer com tudo aquilo. Então, a Caramuru decidiu aplicar a substância como ração de gado e também para geração de energia. Mas, a quantidade é enorme, em torno de 230 toneladas por dia. Então, a engenheira química Paula Fernandes de Siqueira, desenvolveu uma tecnologia que permite extrair etanol hidratado do melaço de soja.

Após fundar a empresa Intecso, ele licenciou a tecnologia para a Caramuru, que agora também pode produzir etanol para atender a demanda pelo combustível no mercado nacional. O projeto para construção da planta foi financiado em R$ 40 milhões pelo Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública que fomenta tecnologia, ciência e inovação em empresas. A fábrica custará no total R$ 115 milhões, sendo ainda R$ 46 milhões de capital da própria empresa.

De acordo com a Finep, essa é a primeira vez que um projeto de produção em escala comercial do etanol de soja ganha tamanha proporção. Mas, a empresa pondera que esse método não é o mais eficiente para a obtenção do combustível, visto que a cana-de-açúcar ainda é imbatível em termos energéticos, pois possui enorme quantidade de açúcar Por isso, não dá para comparar os custos de produção nos dois casos. No caso da soja, o etanol é inviável se o processo for de extração direto da planta, mas como subproduto, é ideal.

Atualmente, apenas a Caramuru tem licença para produzir o etanol de soja, mas o contrato com a Intecso não é de exclusividade, podendo assim que outras empresas possam também produzir o combustível com base na mesma tecnologia nacional. Com isso, a produção de etanol em nível nacional pode ganhar um reforço importante, especialmente quando a cotação do açúcar está alta no mercado internacional e há redução na produção de etanol nas usinas.

Fonte: Estadão via Isto É