Com abertura comercial, vendas a principais parceiros deverão ter alta
China, EUA e União Europeia são o destino de 54% das nossas exportações, sendo que metade vai para país o asiático; apesar de novo governo criticar chineses, dificilmente haverá rompimento.
A China, os Estados Unidos (EUA) e a União Europeia (UE) são o destino de 54% das exportações das empresas brasileiras, sendo que metade desse percentual é escoado somente para o país asiático.
Nos 12 meses até setembro deste ano, o Brasil exportou US$ 232,8 bilhões, dos quais US$ 59,4 bilhões (25,5%) foram vendidos para a China; R$ 39,3 bilhões (17%) para a UE e outros US$ 27,5 bilhões (11,8%) para os EUA, mostram dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
De janeiro até setembro, os embarques do País para a China cresceram 23,2%, ante igual período do ano passado, para US$ 49,3 bilhões. Já para os países europeus, as empresas nacionais venderam US$ 30,2 bilhões, aumento de 17,2% até setembro. Em iguais meses, as exportações aos EUA avançaram 3%, a US$ 20,5 bilhões.
Na avaliação de especialistas, a tendência é que as trocas do Brasil com esses países se elevem diante da postura de maior abertura comercial da equipe econômica do futuro presidente, Jair Bolsonaro (PSL).
O deputado federal tem afirmado que quer se aproximar mais de economias desenvolvidas como os Estados Unidos e, durante campanha presidencial, traçou críticas à presença chinesa no Brasil, como, por exemplo, de que a nação asiática está “comprando o Brasil” e “não no Brasil”. Em resposta, o jornal estatal China Daily alertou que o custo econômico de rompimento com a China pode ser alto.
Para o professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Sillas Cezar, essas sinalizações ainda não apontam para um afastamento da China. “Na prática, isso é difícil de acontecer. Uma coisa é a retórica, a bravata. Outra coisa é o que acontece no dia a dia dos negócios”, diz.
“Há um fluxo intenso de empresas brasileiras comprando e vendendo para a China. Há empresas chinesas investindo em projetos de risco aqui no Brasil, como no setor de óleo e gás, energia”, complementa o professor da FAAP.
A China Three Gorges (CTG), por exemplo, comanda 17 hidrelétricas brasileiras. Em 2017, a chinesa State Grid Corp adquiriu o controle da CPFL Energia e uma subsidiária, enquanto a HNA Airport Holding Group comprou participação majoritária na concessão do aeroporto do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro.
Possível afastamento Já o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Francisco Américo Cassano, avalia que pode até ocorrer uma priorização maior dos EUA, por exemplo, em detrimento da China, mas que isso, se ocorrer, deve se dar de forma bastante gradual, até pelo fato do agronegócio ser muito forte no Brasil e as nossas exportações para a China serem compostas, basicamente de commodities agrícolas.
“Pode ser que a gente perca alguma participação da exportação de produto primário para a China. Mas isso tudo ainda vai depender das decisões a partir de 1º de janeiro”, afirma o professor do Mackenzie.Segundo ele, a sinalização de que a primeira viagem internacional de Bolsonaro será para o Chile, indica que o Brasil deve buscar uma aproximação comercial e de negócios maior com a Aliança do Pacífico (bloco formado por México, Peru, Chile e Colômbia).
Em alerta Diante das declarações da equipe do presidente do eleito de que o Mercosul não será prioridade, a UE decidiu acelerar o processo de negociação do acordo comercial com o bloco sul-americano.“Estamos preocupados”, disse o presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Mercosul, o deputado Francisco Assis.
Segundo ele, a ideia é fechar algum tipo de entendimento comercial ainda este ano. “Há uma enorme incógnita sobre qual será o futuro do Mercosul e, portanto, sobre como ocorrerá essa relação de negociação com a União Europeia”, afirma Assis. Segundo ele, o Mercosul entregou uma proposta aos europeus no dia 24 de outubro. “Haverá uma tentativa por parte da UE de fazer uma contraproposta”, destacou o deputado.
Fonte: DCI