Falta de acordo entre Brasil e Paraguai pode dificultar orçamento para Itaipu


Sem acerto sobre cota de energia de Itaipu, a hidrelétrica pode ter problemas para cumprir parte dos compromissos financeiros. No primeiro semestre, impasse gerou dívida de US$ 50 milhões.

A falta de acordo entre Brasil e Paraguai em relação ao pagamento de uma cota de energia de Itaipu pode impedir que a usina hidrelétrica cumpra parte de seus compromissos financeiros. No primeiro semestre, impasse gerou dívida de US$ 50 milhões.

“Não deixamos de honrar até agora nenhum de nossos compromissos, mas se isso continuar até o fim do ano, poderia sim afetar a vida orçamentária da usina. Seria mais ou menos como se houvesse um contingenciamento”, declarou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (20).

O impasse é causado por conta do uso de energia elétrica que deveria ser destinada à Eletrobras por parte da Administração Nacional de Eletricidade (Ande), estatal elétrica do Paraguai. Isso teria ocorrido devido a uma contratação subdimensionada do país vizinho. Por conta de um acordo firmado em 2007, o Paraguai tem direito de prioridade sobre a contratação da energia não vinculada – aquela que é produzida acima da potência oficial de Itaipu – que é mais barata que a vinculada por não contar com custos associados, como serviço da dívida da construção da usina e despesas de exploração. 

Enquanto o preço da energia vinculada é de US$ 43,80 megawatts-hora (MWh), o da não vinculada é de US$ 6,06 MWh.Rombo O Brasil se recusa a pagar por essa energia que não usou, criando o rombo para a usina. Cálculos de técnicos do governo federal apontam que o valor da dívida pode atingir por volta de US$ 130 milhões caso a questão não seja solucionada até o final de 2019.

Silva e Luna explica que o faturamento dessa cota não é feito desde fevereiro. “Não foi possível fazer o saneamento, porque não houve entendimento. Mas é uma parte pequena que gera essa controvérsia e será resolvida.”Ele destaca que toda a discussão sobre contratação de energia fica a cargo da Eletrobras e da Ande. “Essa parte tem que ficar fora da usina, até para preservar a relação. Nossa expectativa é que seja resolvida no curto prazo, pois é de interesse tanto da Eletrobras quanto da Ande.”O general garante que a controvérsia não atrapalhou as operações de Itaipu.

 “Em julho tivemos um recorde histórico de produtividade. Nada atrapalhou a usina elétrica.”Impeachment Luna e Silva afirmou que a possibilidade de impeachment do presidente do Paraguai, Mario Abdo Banítez, causa preocupação. “Qualquer coisa que cause desconforto é negativo. Torcemos para que a questão seja resolvida no nível técnico.” A repercussão negativa do acordo gerou uma crise política e uma ameaça de impedimento do chefe-de-estado do país vizinho, além das renúncias do chanceler Luis Castiglioni, do presidente da Ande, Alcides Jiménez, do embaixador do Paraguai no Brasil, Hugo Saguier, e do diretor-geral paraguaio de Itaipu, José Aderete, que foi substituído por Ernst Ferdinand Bergen Schmidt. Luna e Silva disse que a troca não impactou negativamente a usina.

 “Temos que aguardar que as partes responsáveis apaguem o incêndio.” o general não quis dar uma estimativa de data para a resolução do impasse. Só acredita que será no curto prazo/O repórter viajou a convite da Itaipu Binacional.


Fonte: DCI