Inclusão de projetos fotovoltaicos em leilão A-6 deverá reduzir preço médio
Empreendimentos de geração solar totalizam 29,7 gigawatts (GW), cerca de um terço do total do certame, que será realizado no final de setembro, e devem impactar no valor da contratação.
Mercado avalia que inclusão da fonte fotovoltaica no próximo leilão de geração A-6 irá reduzir o preço médio da contratação. O certame, marcado para o final de setembro, conta com 29,7 gigawatts (GW) de empreendimentos de energia solar cadastrados.
“Se uma fração desses projetos for contratada, vai gerar competição. No ano passado, o preço médio de energia solar no leilão A-4 foi de R$ 118,07 megawatt-hora. A expectativa é que fique nessa faixa no A-6”, declarou o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, durante evento na terça-feira (27).Com previsão para o dia 26 de setembro, o leilão de compra de energia elétrica de novos empreendimentos tem 825 projetos fotovoltaicos cadastrados. O início do fornecimento ocorrerá a partir de 1º de janeiro de 2025.Para efeito de comparação, o último leilão A-6, realizado no ano passado, sem a presença da fonte fotovoltaica, teve preço médio final de R$ 140,87 por megawatt-hora (MWh). No leilão A-4, citado por Sauaia, o preço médio final foi de R$ 124,75 por MWh. “A fonte fotovoltaica deveria estar há muito tempo nos leilões”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.
Durante o painel de abertura da feira e congresso Intersolar South America, realizado em São Paulo, Koloszuk questionou a quem interessava a não inclusão deste tipo de geração nos certames. “Agora, todos os preços das outras fontes vão cair.” Sauaia acredita que o volume de energia terá impacto na conta de energia. “A carga de fotovoltaica representa um terço de todo o leilão. Quanto mais energia o governo contratar, mais será reduzida a conta do consumidor.”
Ainda no mesmo evento, o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Reive Barros, destacou que o tempo maior de implementação de empreendimentos fotovoltaicos em relação a eólicos — cerca de seis meses — não justificava a exclusão da fonte dos leilões. “O ministro Bento Albuquerque tomou essa decisão de incorporar a energia solar no leilão A-6. Não existe diferença para as outras fontes. O nosso grande desafio é gerenciar todas as formas de geração.”Koloszuk também criticou a possibilidade da remuneração da geração distribuída (GD) ser reduzida pela revisão da resolução normativa 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Tarifar o fio é uma vergonha. A mesma Aneel que proporcionou a 482 e permitiu o crescimento da GD, pode ficar maculada.”Na regra atual, 100% da carga injetada por consumidores na rede é remunerada. Na revisão, estão sendo propostos cenários em que esse percentual é reduzido, sob a justificativa que as regras atuais podem elevar os custos para os demais usuários da rede. Na visão de Koloszuk, essa alteração não deveria ocorrer em um mercado ainda não totalmente maduro. “A GD ainda é apenas 0,1% das 84 milhões de unidades consumidores. Retardar esse crescimento interessa só para quem ficou para trás”, assinalou.
Rio São Francisco Reive comentou sobre o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), que visa instalar usinas fotovoltaicas flutuante no Rio São Francisco, ampliando o uso da fonte renovável na região Nordeste. A primeira etapa do projeto foi inaugurada no início de agosto no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. “É um projeto desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, concebido muitos anos atrás. Buscamos um modelo para atrair parceiros e viabilizar a comercialização da energia.”
O empreendimento inicial tem capacidade de gerar de 1 megawatt-pico (MWp) de energia, que será elevado para 2,5 MWp ao final da segunda etapa. O investimento dessa usina irá totalizar a R$ 56 milhões. De acordo com o MME, a previsão é implantar placas solares ao longo dos canais de transposição, aquedutos e reservatórios, inclusive nas laterais dos canais. Um dos objetivos é garantir recursos para o bombeamento das águas do rio, que hoje custam R$ 300 milhões por ano.
Fonte: DCI