Indústria química defende abertura comercial, mas teme velocidade


Mercado entende que direcionamento econômico do governo Jair Bolsonaro deverá melhorar condições de competitividade, porém, espera que produção local seja defendida das importações.

Apesar do déficit na balança comercial, a indústria química vê com bons olhos o direcionamento econômico do futuro governo de Jair Bolsonaro, que prevê maior abertura comercial, e espera que melhores condições de competitividade sejam criadas.

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Indústria química defende abertura comercial, mas teme velocidade

Mercado entende que direcionamento econômico do governo Jair Bolsonaro deverá melhorar condições de competitividade, porém, espera que produção local seja defendida das importações

Fabricantes querem avanços na infraestrutura e realização das reformas da previdência e tributária

Apesar do déficit na balança comercial, a indústria química vê com bons olhos o direcionamento econômico do futuro governo de Jair Bolsonaro, que prevê maior abertura comercial, e espera que melhores condições de competitividade sejam criadas.

“Vários setores produtivos têm 35% de imposto de importação e a indústria química tem 7%. Já defendemos que se retire a alíquota dos produtos que não são produzidos na região do Mercosul. Somos contra acabar com a defesa comercial, o que é diferente de protecionismo”, declarou o presidente do conselho diretor da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcos De Marchi, em coletiva de imprensa na sexta-feira (07).

O dirigente entende que deve ser defendido apenas o que é produzido em larga escala no País. “Se abrir um elo de forma equivocada, há o risco de quebrar toda a cadeia. Esperamos que haja essa compreensão do próximo governo.” A entidade estima que o déficit da balança comercial irá alcançar US$ 29,1 bilhões em 2018, crescimento de US$ 5,6 bilhões em relação a 2017. “O número havia caído devido à recessão, agora voltou a crescer. Cerca de um quarto do faturamento do setor é proveniente de importações”, disse o vice-presidente do conselho diretor da Abiquim, Fernando Musa. Para De Marchi, metade desse déficit poderia ser coberto com produção local. “Atualmente, há entre 20% a 25% de capacidade ociosa. Se a economia reaquecer, pode haver um rápido efeito positivo no setor por meio dessa ocupação.”

Musa acredita que o governo irá implementar as medidas necessárias para ajustar o ambiente econômico do País. “É fundamental que se realize as reformas da previdência e tributária e que se cortem os nós que impedem avanços na infraestrutura e logística.”

O economista da equipe de transição do governo Bolsonaro, Carlos Alexandre da Costa, afirma que o foco será atacar o chamado custo Brasil. Ele ressaltou que a resolução dessas questões depende do setor privado. “É preciso reverter uma lógica dos últimos anos, em que empresas esperavam que o governo desse o primeiro passo. O que nós pretendemos fazer é um grande processo de limpeza daquilo que emperra o setor produtivo”, disse em evento. Costa expôs que as ações serão voltadas para destravar o setor produtivo e resolver problemas de infraestrutura. Ele também destacou a existência de um exagero de poder de monopólio de agentes do mercado, entre eles a Petrobras. “Temos planos ambiciosos para melhorar a competitividade”, ressalta.

A fala está em linha com a declaração de Marco De Marchi, de que “a indústria química não quer subsídios e nem proteção, quer menos custo Brasil.” O dirigente também fez menção para eliminar o monopólio de petróleo do País e citou que foram entregues 73 propostas para a equipe de transição. “Nenhuma delas precisa de subsídios ou geram gastos públicos”, garantiu.Entre os pleitos, estava o alinhamento dos preços de matérias-primas ao mercado internacional. “Não podemos continuar sendo extorquidos por um monopólio.”Costa revelou que houve um pedido para que a entidade desse prioridade para algumas propostas.

“Não dá para fazer tudo. Dessas 73, vamos priorizar algumas por meio da discussões, para criar uma agenda que valorize quem produz e não crie proteções para compensar dificuldades.” Balanço A Abiquim estima que o faturamento de 2018 irá totalizar US$ 127,9 milhões, crescimento de 5,4% em relação a 2017. “Após passar pela pior recessão que já vivemos, o setor voltou a crescer. Mas esses números escondem um desafio. Retornamos ao patamar de 2010, tivemos quase uma década perdida”, afirmou Musa. 

Desse total, US$ 65,2 bilhões representam o segmento de produtos químicos de uso industrial, avanço de 5%.Em relação a 2019, a entidade espera continuidade do crescimento. “A indústria química cresce com bastante elasticidade em relação ao PIB. O setor vai se adaptar aos níveis esperados”, disse De Marchi.O dirigente não quis detalhar os possíveis efeitos da guerra comercial entre EUA e China. “Varia muito de produtos e setores. Mas não é hora de fazer movimentos irresponsáveis. Vamos ficar atentos.”


Fonte: DCI