Preço do petróleo americano despenca e opera em terreno negativo pela primeira vez na história


Operadores do mercado de energia estão se livrando freneticamente dos contratos de maio do petróleo dos Estados Unidos, que estão prestes a expirar.

A cotação do petróleo dos Estados Unidos despencava nesta segunda-feira (20) e operava no terreno negativo, pela primeira vez na história, com operadores do mercado de energia se livrando freneticamente dos contratos com vencimento em maio diante da fraca demanda mundial provocada pelos avanço do coronavírus.

Por volta das 16h19 (horário de Brasília), o barril americano West Texas Intermediate (WTI) perdia 291,68% e era negociado a -US$ 35,02 a unidade. Ao mesmo tempo, o barril de Brent do Mar do Norte, referência para o mercado europeu, recuava 7,16%, a US$ 26,07 o barril.

Com o preço em terreno negativo, os produtores e investidores estão pagando para que o produto seja estocado num momento em que a capacidade de armazenamento do país atinge seu limite.

Poucos compradores; aumento das reservas
O contrato de barril de WTI para entrega em maio termina em breve, o que significa que aqueles que o assinaram têm de encontrar compradores físicos. Com o aumento das reservas nos Estados Unidos nas últimas semanas, os produtores têm sido obrigados a baixar o seu preço para fazer essa conta fechar.

Na semana passada, a Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris, enquanto a demanda recuou 30%.

Os operadores de contratos futuros, que geralmente conseguem passar com tranquilidade do contrato vencido para o próximo, estão encontrando poucos compradores dispostos a receber os barris do vencimento maio. Conforme mais traders tentavam se livrar do contrato, o preço entrou em colapso.

O tombo desta segunda abriu a maior diferença da história entre o contrato atual e o próximo, diante da falta de armazenamento para a commodity. O próximo vencimento do petróleo nos EUA operava em queda de mais de 11%, a US$ 22,15.

Mercado pressionado
Embora países produtores tenham concordado em reduzir bombeamento e as maiores petroleiras do mundo também estejam diminuindo produção, os cortes não serão rápidos o suficiente para evitar problemas nas próximas semanas

Nas últimas semanas, o mercado de petróleo tem sido pressionado com o avanço do coronavírus. Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda. A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), iniciou uma guerra de preços com a Rússia, que não integra o cartel.

Os dois países encerraram a disputa no início do mês, quando aceitaram, ao lado de outros parceiros, reduzir a produção em quase 10 milhões de barris diários para estimular os mercados afetados pelo vírus. Ainda assim, os preços continuam em queda. Analistas consideram que os cortes não são suficientes para compensar a forte redução da demanda.

"Os preços do petróleo continuarão sob pressão", destaca o banco ANZ em um comunicado. "Embora a Opep tenha aceitado uma redução sem precedentes na produção, o mercado está inundado de petróleo", acrescenta a nota. "Ainda existe o temor de que as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam ficando sem capacidade", analisa o banco.

Fonte G1