Indústria de fundição cresce após três anos de retração


O setor movimenta US$ 7 bilhões no Brasil e, nos últimos três anos, registrou forte queda da produção. Mas a perspectiva é de um avanço entre 7% e 9% dos volumes.

São Paulo - Após três anos de retração acumulada de 30%, o setor de fundição - que fabrica peças e componentes para a indústria - está voltando a crescer. A expectativa é de uma expansão de 7% a 9% da e, no ano que vem, de aumento de 5% a 10%.

O setor fatura cerca de US$ 7 bilhões no Brasil e emprega, de forma direta, 55 mil pessoas. As empresas, em grande parte, são familiares. Mas diante da profunda queda da indústria automobilística, principal segmento demandante de peças fundidas, houve um verdadeiro "desmonte" da cadeia local.

"Diversas empresas pediram recuperação judicial ou fecharam as portas", relata o diretor-executivo da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), Roberto João de Deus.

 Segundo ele, os fabricantes começam a se recuperar agora principalmente com a retomada da produção de veículos no País.

A fabricante de peças acabadas e semi-acabadas Lepe, que utiliza ferro fundido como principal matéria-prima, viu o seu faturamento despencar cerca de 55% entre 2014 e 2016. "Tivemos que cortar o nosso quadro de funcionários praticamente pela metade", conta o diretor comercial da empresa, Wilson de Francisco Júnior.

Para ele, o ponto mais crítico na cadeia de fundição é a rentabilidade. "As margens do nosso mercado caíram drasticamente, já que não conseguimos repassar o aumento de custos que tivemos nos últimos anos", acrescenta o empresário.A fabricante de peças de alumínio Presmak reduziu a utilização de sua capacidade instalada pela metade diante da profunda retração da indústria automotiva, que representa 97% da sua demanda. 

"Tínhamos 300 funcionários em meados de 2012 e, atualmente, temos cerca de 170", revela o diretor-geral da empresa, Renê Alécio Cavalheiri.

Contudo, o presidente da Abifa afirma que, agora, os sinais de recuperação estão mais consistentes e que, neste ano, a produção do setor deve alcançar cerca de 2,3 milhões de toneladas. 

"Mas o ideal é operarmos a 3,8 milhões de toneladas", ressalta.A capacidade instalada da indústria de fundição no Brasil é de aproximadamente 4 milhões de toneladas, de acordo com a Abifa. A exportação responde por 18% a 20% da produção. 
"Se a economia conseguir se afastar dos problemas políticos, possivelmente vamos voltar aos patamares recordes da nossa indústria em meados de 2020", estima João de Deus.

O dirigente se diz otimista com os números do setor. "Começamos a ter resultados positivos no começo deste ano, mas os sinais de recuperação vinham antes", complementa.


Fonte: DCI