Rússia tenta acelerar crescimento econômico após anos de recessão


País sofreu com queda do preço do petróleo e embargo aplicado pelos Estados Unidos e pela União Europeia; este ano deve crescer apenas 1,7%.

A Rússia ainda luta para superar os efeitos provocados pela última recessão econômica e, assim, retomar um padrão de crescimento mais acelerado. A economia do país encolheu por dois anos seguidos, em 2015 e 2016, e, desde então, apresenta uma recuperação bastante tímida.

A expectativa é que a economia russa cresça apenas 1,7% neste ano, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI). No ano passado, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 1,5%.

A recessão e o tímido crescimento esperado para o país podem ser explicados por duas razões: pela queda nos preços do petróleo nos últimos anos e pelo embargo adotado pelos Estados Unidos e pela União Europeia depois que o governo russo anexou a Criméia em 2014.

Com a queda de preço do petróleo, a Rússia perdeu receita de exportação - o produto representa 40% do que é vendido pelo país -, o que tirou fôlego da economia porque inviabilizou uma série de recursos para políticas mantidas pelo governo. Já as sanções trouxeram um impacto direto para os investimentos.

“O país teve de subir os juros, mas depois se ajustou e conseguiu retomar o crescimento”, afirmou o economista do banco Itaú Bernardo Dutra.

A recente fraqueza da economia russa segue um roteiro bastante parecido com enfrentado pelo Brasil, que também tenta deixar pra trás a recessão econômica. Nos anos de forte aumento do preço das commodities, no início dos anos 2000, a Rússia, assim como o Brasil, foi bastante beneficiada e chegou a colher taxas de crescimento num patamar acima de 8%.

Anos 2000 foram marcados por reestatização
A chegada do grupo que sustenta o atual presidente russo, Vladmir Putin, ao poder no fim dos anos 1990 provocou uma importante mudança na dinâmica da economia Rússia com a reestatização de diversos setores da economia.

O grupo assumiu o poder com a economia bastante fragilizada. Em 1998, a Rússia enfrentou uma forte crise financeira que culminou com a desvalorização do rublo e a declaração da moratória - naquele ano país, o PIB do país despencou 5,3%.

“Muita gente acreditava que essa crise foi causada pela abertura econômica dos anos 90. Houve uma resposta com a reestatização de setores importantes”, afirma Vinícius Müller, doutor em história econômica e professor do Insper.

País precisa lidar com gargalos
Se quiser acelerar o crescimento nos próximos anos, a economia da Rússia vai ter de promover uma série de reformas econômicas. O potencial de crescimento do País - ou seja, aquilo que a economia russa pode crescer sem gerar desequilíbrio - é estimado em apenas 1,5%.

“Como alguns países emergentes, a Rússia enfrenta gargalos em infraestrutura, tem uma elevada informalidade no mercado de trabalho e precisa de algumas reformas estruturais e da Previdência”, diz Dutra, do Itaú.

No relatório elaborado anualmente pelo Banco Mundial que compara e mede a facilidade de fazer negócios em 190 países, a Rússia ocupa a 35ª posição - o Brasil está no 125º lugar.

Embora apareça bem posicionada no ranking geral, a Rússia colhe resultados ruins quando se analisa os detalhes do relatório. No item que mede a facilidade para obter licença no setor da construção, o país está apenas na 115ª posição. No quesito que apura a facilidade de negociação fora do país, a Rússia aparece na 100ª colocação.

“Um crescimento do PIB próximo de 2% é um alento para a Rússia, mas o país não deve voltar aos anos de forte crescimento”, diz Müller, do Insper.

Impacto da Copa deve ser limitado
A Copa do Mundo não deve trazer uma grande contribuição para acelerar o crescimento econômico da Rússia, segundo avaliação da agência de classificação de risco Moody's.

Em relatório, a Moody's apontou que boa parte do efeito positivo, sobretudo na infraestrutura, foi observado entre 2013 e 2017 e que os investimentos no país para o evento representam apenas 1% do total investido.

"Na maioria dos casos, o efeito positivo sobre o PIB nominal regional será limitado de 1% a 2%", informou a Moody's.


Fonte: G1