EDP busca inovação para acompanhar as mudanças do mercado de energia


A companhar as mudanças do mercado de energia não é tarefa fácil. Com a chegada de tecnologias revolucionárias como inteligência artificial e internet das coisas e o tema das energias renováveis cada vez mais quente, empresas como a portuguesa EDP têm buscado alternativas para acompanhar as tais mudanças. Fundado em 1976, o Grupo EDP está presente em diversos países pela Europa. No Brasil, atua há mais de 20 anos.

Em algumas novidades da empresa  em Portugal no campo de inovação e sustentabilidade. Destacam-se três projetos: instalação 2,5 milhões de de medidores inteligentes em Portugal; o Pocityf, projeto cujo objetivo principal é transformar a cidade histórica de Évora, no interior do país, em uma das primeiras cidades inteligentes da Europa; e o Windfloat, uma plataforma flutuante criada para suportar turbinas eólicas e explorar o potencial da energia renovável no mar.

Ângelo Manuel de Melo Sarmento, vice-presidente da EDP Distribuição, fala que esse movimento da companhia atende a um plano iniciado há mais de dez anos, focado na “descarbonização” e na digitalização do negócio. “O conceito de rede inteligente vai além das redes tradicionais, que vai mudar o cenário tradicional de energia”, diz Sarmento.

Com os medidores inteligentes eletrônicos (chamados de “smart meters”), a companhia tem acesso em tempo real de todas as informações de cada consumidor. Nos locais onde os smart meters estão instalados, é possível eliminar a leitura manual de cada unidade. Por exemplo, a partir do monitoramento é possível detectar de forma imediata a queda de energia em determinados pontos, antecipando o deslocamento de equipes para o atendimento desses chamados. Outra vantagem, diz a companhia, é diminuir as fraudes e os roubos de energia, o que diminui os custos de manutenção da rede. Em Lisboa, a EDP Distribuição conta com um centro de supervisão com monitoramento 24 horas. Nos monitores do centro, é possível acompanhar “ao vivo” o funcionamento de cada aparelho.

Do lado do consumidor, a aplicação permite que clientes tenham acesso a relatórios detalhados de gasto energético. Por exemplo, é possível saber via aplicativo quais luzes e eletrodomésticos estão consumindo mais energia. “Isso significa informação para os clientes. Com mais informações, eles podem tomar melhores decisões”, diz Sarmento. De acordo com o executivo, a chegada do 5G pode permitir a empresa aperfeiçoar ainda mais a tecnologia. “Estamos fazendo testes e pilotos para testar a tecnologia e ampliar o serviço”, afirma.

Pocityf
Outro projeto em desenvolvimento pela EDP é o Pocityf (sigla para Positive Energy City Transformation Framework), cujo principal objetivo é o desenvolvimento de cidades inteligentes. Os primeiros pilotos acontecerão em Évora, uma cidade histórica localizada no interior de Portugal, e Alkmaar, na Holanda. O projeto coordenado pela EDP, realizado em parceria com o governo local e outras companhias, tem um orçamento de € 22,5 milhões e duração de cinco anos – iniciado oficialmente em Évora em outubro deste ano. Em 1986, o Centro Histórico de Évora foi classificado Patrimônio Mundial da UNESCO. Agora, o objetivo é usar tecnologia para transformar a cidade em um ambiente de “energia positiva”, com iniciativas voltadas à alternativas renováveis.

Além da instalação de medidores inteligentes pelo local, a empresa pretende adicionar pontos de energia fotovoltaica pela cidade. “Mas respeitando a arquitetura histórica”, diz João Maciel, diretor da EDP e responsável pelo projeto. Por exemplo, ao longo desses cincos anos, há o objetivo de trocar as telhas da cidade por telhas fotovoltaicas especiais. “O fato dela ser uma cidade histórica é um desafio maior. Mas a verdade é que se Évora não fizer nada, ela vai perder competitividade. Se for mal energeticamente e ambientalmente, ela não vai atrair pessoas. Queremos dar competitividade”, diz Maciel.

Outros pontos reforçados pela EDP nesse projeto são a instalação de sistemas de armazenamento energético e mobilidade elétrica. Todas as medidas serão integradas por meio de internet das coisas. Os postes de iluminação pública e pontos de carregamento de veículos elétricos serão conectados por Wi-Fi.

Windfloat
O Windfloat é um projeto criado para explorar o potencial eólico do mar. Na prática, a empresa desenvolveu uma plataforma flutuante para a instalação de geradores. Cada plataforma carrega um gerador, chegando a altura máxima de até 220 metros, com capacidade para abastecer até 60 mil lares cada gerador. A plataforma é construída em terra e levada ao mar. O primeiro teste foi iniciado em 2011 e agora o Windfloat se encontra em fase “pré-comercial” – o que representa uma fase final de testes antes de ser lançado comercialmente. Mesmo assim, há acordos pré-firmados para a fabricação de modelos do projeto para clientes na Coreia do Sul.

A última turbina da nova fase atual saiu para instalação enquanto Época NEGÓCIOS visitava o local. Ao todo, são três. “Queremos mostrar que a tecnologia funciona, neste caso já com os maiores geradores disponíveis no mercado”, diz José Pinheiro, diretor da EDP Renováveis, braço do grupo envolvido no projeto. 

O projeto foi apoiado pelo Banco Europeu de Investimento, que aprovou um empréstimo de € 60 milhões para a Windplus S.A,, negócio detido em conjunto pela EDP Renováveis (54,4%), ENGIE (25%), Repsol (19,4%) e Principle Power Inc. (1,2%). O projeto terá capacidade de produzir até 25 megawatt de energia. A transmissão da eletricidade será feita por um cabo marinho suspenso entre a terra e o Windfloat.


Fonte: Época Negócios