Vendas de máquinas agrícolas crescem 33% em um ano


Ao contrário das montadoras de automóveis, que enfrentaram um semestre de vendas em queda e pátios lotados de veículos encalhados, a indústria de máquinas agrícolas comemora o reaquecimento do mercado.
As vendas de tratores e colheitadeiras cresceram 33% nos primeiros seis meses do ano em comparação com igual período de 97.

Somente no mês passado, os fabricantes comercializaram 2.519 máquinas agrícolas, o melhor mês de junho da indústria desde 94, quando foram vendidas 4.591 unidades.

E enquanto as fábricas de carros prevêem corte de 15% na produção para enfrentar a queda de 17% nas vendas nos últimos seis meses, a indústria de máquinas agrícolas calcula que, na pior das hipóteses, encerra o ano com 25 mil unidades vendidas, 19% mais que em 97.

"Podemos vender até 30 mil se houver uma redução da taxa de juro cobrada no financiamento das máquinas", diz Pérsio Pastre, vice-presidente da Anfavea, entidade que representa fabricantes de automóveis e máquinas agrícolas.
A recuperação teve início no primeiro semestre do ano passado, após a indústria ter chegado ao fundo do poço em 96: vendeu apenas 13.893 unidades durante o ano todo, o pior resultado desde 69.

Queda de juros 

Segundo Pastre, a queda dos juros nas operações de financiamento das máquinas, a volta das taxas prefixadas e o o aumento dos preços agrícolas internacionais em 97 -que incentivaram o agricultor a produzir mais- foram as principais causas da retomada.

No final de 96, o governo completou a renegociação da dívida dos agricultores junto ao Banco do Brasil e retomou o crédito para a compra de máquinas com juro fixo, de 16% ao ano.

Atualmente o agricultor paga juro de 14,5% ao ano na compra de uma máquina agrícola financiada por intermédio do Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial).

Na semana passada, as vendas do setor praticamente ficaram paradas à espera da divulgação de uma nova redução de juros no financiamento dás máquinas agrícolas. "A taxa atual ajudou a melhorar as vendas no início do ano, mas agora precisa ser revista", diz Pastre.

As exportações do setor também estão em alta. No primeiro semestre de 98, o faturamento atingiu US$ 411 milhões, 15,5% mais que no primeiro semestre de 97. Em unidades, o crescimento foi de 10,5%. "As vendas externas já são responsáveis por cerca de 30% da produção", diz Pastre.

As metas para o futuro ainda são mais ambiciosas. Os fabricantes de máquinas agrícolas instalados no país pretendem triplicar a atual produção até 2005 e exportar cerca de 47% do total para conquistar 12% do mercado mundial.


Fonte: folha de são paulo